Bens tombados – Viçosa

O município de Viçosa tombou as seguintes edificações, à excessão do Edifício Arthur Bernardes, tombado pelo IEPHA:

BALAUSTRADA

Localização: Av. Bueno Brandão, Centro

Tombamento: Decreto Nº 3436/99 – 30/04/1999.

A abertura da Av. Bueno Brandão foi aprovada em 17 de janeiro de 1914. A via seguiria paralela à linha férrea que chegara ao distrito sede de Viçosa e recebeu diretrizes urbano-paisagísticas que valorizassem o endereço. Em 1919 começou a construção do logradouro. Em 1924 foi construído o primeiro trecho da balaustrada entre a Praça Emílio Jardim e a proximidade da estação ferroviária, onde havia uma rampa de acesso de veículos à rua. Em 1948 a rampa foi estreitada, passando a servir somente a pedestres, conferindo maior fluidez ao trânsito. O segundo trecho da balaustrada foi construído em 1957, na gestão do prefeito Geraldo Faria. Essa etapa também ergueu muros de arrimo para contenção da via.

A Balaustrada, que é um guarda-corpo ornamentado com balaústres de concreto, confere segurança à via, já que a mesma está implantada em uma cota mais alta que a linha férrea, e dá um tratamento urbano diferenciado ao logradouro que foi projetado para ser um dos mais nobres do município. O conjunto compreendido como Balaustrada é formado pelo muro de arrimo, guarda corpo decorado, postes de iluminação de ferro fundido e calçada arborizada. O trecho de 480m de extensão possui setenta e oito conjuntos com quinze balaústres cada, separados por pilares decorados.

O bem imóvel tombado faz parte da paisagem urbana da cidade, sendo referência paisagística e conferindo beleza ao centro da cidade. Seu valor histórico-artístico remonta a formação da cidade, quando a mesma passou por um período de desenvolvimento e expansão, com a chegada da linha férrea e implantação da Escola Superior de Agricultura e Veterinária. O casario eclético implantado no logradouro foi habitação de importantes figuras para a história político-social de Viçosa.

Balaústre. Cortesia P. B. Fialho

Balaústre. Cortesia P. B. Fialho

CASA Cora Bolivar

Localização: Av. Bueno Brandão 254, Centro

Tombamento: Decreto Nº 4057/2006 – 30/08/2006

A casa, patrimônio da arquitetura de Viçosa, foi construída em 1917 e está inserida no projeto, sendo preservada e restaurada pelas construtoras. Foi moradia da ilustre poetisa Cora Bolivar e de seu marido, o conceituado médico Dr. Sebastião Ferreira da Silva.

O imóvel foi tombado pelo seu valor histórico e artístico, sendo referência arquitetônica da época de sua construção e por pertencer a um conjunto urbano-cultural significativo à comunidade local. Além disso, é referência na paisagem e ícone por ter pertencido a figuras destacadas da sociedade viçosense.

Casa da Av. Bueno Brandão. Cortesia C. F. da Silva

Casa da Av. Bueno Brandão. Cortesia C. F. da Silva

CASA 119 Rua Gomes Barbosa

Localização: Rua Gomes Barbosa, 119, Centro

Tombamento: Decreto Nº 3855/2004 – 29/09/2004

A edificação é um dos poucos exemplares do casario do estilo arquitetônico Eclético ainda existente na Rua Gomes Barbosa. A via foi aberta na época durante época de grande expansão urbana, ocorrida com a chegada da linha férrea ao centro da cidade. Novos loteamentos foram abertos e a Av. Santa Rita e Rua Gomes Barbosa, juntamente com a Av. Bueno Brandão, foram locais escolhidos por famílias mais abastadas para erguer suas residências na cidade.

Uma das primeiras construções erguidas na Rua Gomes Barbosa, na segunda década do século XX. Foi erguida pelo construtor Jacob Lopes de Castro, em benefício de seu filho Jacob Lopes de Castro Filho, porém este o alugou para um dos professores que vieram trabalhar na ESAV, na década de 1920. Em 1945 o imóvel foi vendido para Ulisses da Costa Paiva, e com sua morte o sobrado passou para seus herdeiros, até que em 2004 foi adquirido pela Incorporadora Eric E Paiva. O pavimento térreo era utilizado como depósito e há muitas décadas abrigava uma bomba d’água. A residência tinha paredes ornadas com pinturas na altura do barrado. Seu interior foi bastante modificado, porém ainda observa-se parte da repartição original.

O imóvel foi tombado pelo seu valor histórico e artístico, sendo referência arquitetônica da época de sua construção e por pertencer a um conjunto urbano-cultural significativo à comunidade local.

CASA 129 Rua Gomes Barbosa

Localização: Rua Gomes Barbosa, 119, Centro

Tombamento: Decreto Nº 3855/2004 – 29/09/2004

A edificação é um dos poucos exemplares do casario do estilo arquitetônico Eclético ainda existente na Rua Gomes Barbosa. Construído pouco depois da abertura da referida via, na segunda década do século XX. A Rua Gomes Barbosa foi aberta na mesma época e paralelamente à Av. Santa Rita. O local foi pensado como eixo de expansão urbana da área central, próximo ao cemitério Dom Viçoso. Em meados do século XX a rua foi rebaixada, abalando a edificação, sendo que os problemas foram corrigidos posteriormente. Hoje observa-se um pequeno talude junto À fachada, resultante da correção de nível após o rebaixamento da via.

A primeira proprietária do imóvel foi Amélia Toledo, que em 1940 o vendeu à Divino Vitarelli; a família de ambos residiram por muito tempo no local. Na década de 1970 o imóvel sofreu acréscimo de novos cômodos e os afastamentos laterais sofreram intervenções, porém o corpo principal da edificação foi preservado. Em 2004 o imóvel foi adquirido pela Incorporadora Eric e Paiva.

O imóvel foi tombado pelo seu valor histórico e artístico, sendo referência arquitetônica da época de sua construção e por pertencer a um conjunto urbano-cultural significativo à comunidade local.

Casas da Rua Gomes Barbosa. Cortesia P. B. Fialho

Casas da Rua Gomes Barbosa. Cortesia P. B. Fialho

PARQUE TECNOLÓGICO DE VIÇOSA– CENTEV (ANTIGO PATRONATO AGRÍCOLA)

Localização: Av. Oraida Mendes de Castro s/nº, Silvestre

Tombamento: Decreto Nº 3434/99 – 30/04/1999

Em 1918 foram criados patronatos para o atendimento de menores. Em Viçosa o Patronato Agrícola foi criado por iniciativa do Dr. Arthur Bernardes. A construção do edifício sede, na localidade denominada Fazenda da Vargem, começou em 1º de junho de 1926 e foi concluída em 7 de novembro de 1927. O primeiro diretor do patronato foi o Sr. Carlos Araújo de Moreira, que foi substituído em 1932 por Luiz Rocha Vianna. Esteve sob jurisdição do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio até 1934, quando passou a ser denominado Escola Agrícola Arthur Bernardes. Com a criação do Serviço de Assistência a Menores (SAM) a escola passou a ele ser submetida. Entre 1941 e 1965 a escola foi dirigida pela professora Anna da Conceição Saraiva Brandi – Dona Nanete. Em 1964 passou a integrada a Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor (FUNABEM), passando a ter diversos diretores. Além da educação básica, foram ministrados diversos cursos profissionalizantes. A maioria dos internos era então formada por menores do estado do Rio de Janeiro. Em 1987 passou por reformulação e passou a ser ligada a Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais, passando a atender jovens da microrregião de Viçosa. Em 1997 a escola foi municipalizada sob o nome de E.M. Dona Nanete. No início dos anos 2000 a mesma mudou-se para prédio próprio e a antiga sede do patronato passou para a Universidade Federal de Viçosa. O prédio sofre uma grande reforma e em 2011 foi inaugurado o Parque Tecnológico de Viçosa.

A edificação principal foi tombada pelo município pelo valor cultural e histórico das instituições que abrigaram. Além disso, o prédio de tamanho grandioso é uma referência local na paisagem. As reformas sofridas pelo imóvel através dos tempos o descaracterizaram. Na última reforma, para adaptá-lo à nova função, diversas características foram recuperados, além de ter sido inserido novos elementos, que o fazem uma referência local em reformulação de usos do patrimônio histórico.

CENTEV. Cortesia F. Brumano

CENTEV. Cortesia F. Brumano

COLÉGIO DE VIÇOSA

Localização: Rua Gomes Barbosa 803, Centro

Tombamento: Decreto Nº 3432/99 – 30/04/1999

O Colégio de Viçosa teve sua origem no Gymnasio de Viçosa, fundado em outubro de 1913 pelo professor Alípio Peres, que veio para Viçosa a convite do Dr. Arthur da Silva Bernardes. A instituição se instalou em um casarão localizado no número 136 da Praça Silviano Brandão. O professor Pires permaneceu pouco tempo na cidade, entregando a direção do educandário ao professor Emílio Jardim Rezende. Por volta de 1916 o professor Arnaldo Carneiro Vianna adquiriu o educandário, que o dirigiu até 1925. Fato marcante na instituição foi a aprovação de todos os alunos no ano de 1918, por decreto federal, devido à Gripe Espanhola. A partir de 1919 o estabelecimento começou a receber Bancas Examinadadoras do Departamento Nacional de Ensino, o que elevou muito o prestígio da instituição na Zona da Mata. Entre 1929 e 1931 o educandário passou por sérias dificuldades financeiras, quando o professor Alberto Álvaro Pacheco assumiu a direção, em 1932. Em 1934 o Governo Federal concedeu ao educandário a permissão de Estabelecimento Livre de Ensino.

Com a instalação da ESAV (atual UFV), a partir de 1926 a cidade se tornou referência em educação, instalando-se nela diversos educandários. No ano de 1943 foi organizada uma sociedade civil que adquiriu o estabelecimento em 30 de dezembro, passando a se chamar Colégio de Viçosa. No ano de 1946 a sociedade civil passou a ser sociedade anônima, e no mesmo ano começou a construção da nova sede do estabelecimento, na Rua Gomes Barbosa, até então uma área marginal do Centro. Em 1948 criou-se a Escola Técnica de Contabilidade, anexa à instituição. Em 1950 o colégio mudou-se para a nova sede, ainda não completamente acabada. Em 1957 veio nova crise financeira, motivada por dívidas relacionadas à construção do prédio, e então assumiu a direção Januário de Andrade Fontes, que manteve a qualidade e referência no ensino. O Colégio, então, funcionava também em sistema de internato. Após quitar as dívidas o educandário prosperou chegando a ter mais de mil alunos. No início da década de 1980 o Colégio voltou a declinar e em 1986 a instituição encerrou suas atividades, vendendo 83% das ações para a Prefeitura de Viçosa, que passou a ser proprietária do imóvel.

O edifício do Colégio de Viçosa possui grande valor histórico-cultural para a sociedade viçosense. Sua estrutura grandiosa se destaca na paisagem e é ponto de referência urbana. A instalação do educandário em tal endereço contribuiu para a expansão da cidade para a região sul da área central. Além disso, o estabelecimento de ensino formou importantes cidadãos para a vida pública do município e estado, sendo referência em educação tradicional e cívica.

Colégio de Viçosa. Cortesia P. B. Fialho

Colégio de Viçosa. Cortesia P. B. Fialho

EDIFICIO ARTHUR BERNARDES

Localização: Av. P.H.Rolfs s/nº, campus UFV

Tombamento: Decreto Nº 3603/2001 – 29/06/2001

Erguido entre 1922 e 1926 dentro do quadro de obras de construção da ESAV (hoje UFV), paralelamente à construção dos edifícios que hoje são a Reitoria, Alojamento Velho e Casa de Hóspedes. A construção foi chefiada pelo engenheiro J.C. Bello Lisboa, destinado a abrigar a escola superior, propriamente dita: salas de aula, laboratórios, biblioteca, diretoria, etc.

A princípio a edificação teria apenas uma fachada luxuosa, porém sua implantação no terreno exigiu quatro fachadas nobres. O projeto original sofreu intervenções do construtor, evitando-se corredores estreitos. O terreno ainda permitiu o aproveitamento do porão com a construção de diversas salas de manutenção e apoio à instituição. Hoje a edificação abriga diversas pró-reitorias de ensino, diretoria dos centros de ciências e outros serviços de atendimento administrativo e apoio aos estudantes.

A edificação foi tombada pelo seu valor histórico-cultural, não somente para a comunidade viçosense, mas também para o Estado de Minas Gerais. Seu valor arquitetônico também é inestimável, pois integram ao estilo Eclético, muito difundido no Brasil à época, peças fabricadas in loco, que permitiu o desenvolvimento da mão de obra da região, que passou a ser valorizada no ramo da construção civil. O edifício é o mais valorizado do campus da Universidade Federal de Viçosa, sendo referência para novas edificações.

Edífício Arthur Bernardes. Cortesia P. B. Fialho

Edífício Arthur Bernardes. Cortesia P. B. Fialho

E. M. CORONEL ANTÔNIO DA SILVA BERNARDES – CASB

Localização: Rua Benjamin Araújo 71, Centro

Tombamento: Decreto Nº 3819/2004 – 19/04/2004

O Grupo Escolar Coronel Antônio da Silva Bernardes foi a primeira escola pública de Viçosa, criada em 16 de maio de 1916. Em 30 de setembro de 1922 a escola se mudou para um prédio próprio na Praça Silviano Brandão, onde anos mais tarde passaria a funcionar a prefeitura, e hoje está erguida a agência bancária da Caixa Econômica Federal. Entre 1949 e 1954 funcionou na sede do antigo Hospital Regional na Rua Afonso Pena, atual CESEC Dr. Altamiro Saraiva. Em 1954 passou a funcionar em prédio próprio na Rua Benjamin Araújo, edificação atual.

Em 1975 a escola foi apontada como melhor estabelecimento de ensino de primeiro grau do município, e sempre manteve a excelência em educação. Conhecido popularmente como “Grupo da Praça”, a escola, até então Estadual, foi municipalizada em 1998 e em 200 passou a funcionar em três turnos.

A escola possui simplicidade volumétrica e beleza volumétrica, destacada por traços retos marcantes, característico do estilo Modernista nela aplicado. É uma das poucas edificações públicas Modernista existente na cidade. Foi tombado pelo valor histórico cultural da instituição que abriga e arquitetônico, sendo referência na paisagem urbana local.

Escola Coronel Antônio da Silva Bernardes. Cortesia F. Brumano

Escola Coronel Antônio da Silva Bernardes. Cortesia F. Brumano

ESCOLA MUNICIPAL MINISTRO EDMUNDO LINS

Localização: Av. Santa Rita 337, Centro

Tombamento: Decreto Nº 3438/99 – 30/04/1999

O terreno no qual está situada a edificação foi adquirido em 2 de fevereiro de 1933, pela Prefeitura de Viçosa, com o objetivo de se abrir ali uma nova rua. Mais tarde resolve-se construir ali a nova cadeia pública da cidade, que até então funcionava sob a Câmara Municipal, na Praça Silviano Brandão. Trata-se de uma edificação em estilo eclético, com simetria no volume e poucos ornamentos. Internamente é bem simples.

Em 1945 foi criada a Escola Municipal Ministro Edmundo Lins, que viria a funcionar de fato somente em 1955, sob a direção da professora Alice Val de Castro. Em 1962 a cadeia foi transferida para nova sede na Rua Doutor Brito e, por convênio entre o Estado e a Prefeitura, a antiga Cadeia Pública passou a ser Grupo Escolar. O prédio passou por duas grandes reformas: em 1970 visou reparo e manutenção da estrutura e em 1997, ampliação e adaptação da mesma.

O imóvel foi tombado pelo seu valor histórico-artístico, retrato de vários períodos históricos do município. Além disso, a instituição que hoje abriga tem grande valor cultural para a população, sendo referência de ensino na formação dos viçosenses. A edificação é referência na paisagem urbana e marco da Av. Santa Rita, em que está localizado.

Escola Edmundo Lins. P. B. Fialho

Escola Edmundo Lins. P. B. Fialho

ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE VIÇOSA

Localização: Praça Marechal Deodoro s/nº, Centro

Tombamento: Decreto Nº 3435/99 – 30/04/99

Em meio a primeira Grande Guerra o poder e progresso chegam à região, ligando Viçosa diretamente à capital federal, Rio de Janeiro. Viçosa vivia uma efervescência política e social. Diversas famílias chegavam em busca de prosperidade. A Estação Ferroviária de Viçosa foi inaugurada em 29 de março de 1914. A população não necessitava mais de recorrer à Estação de Silvestre ou outras localidades. A implantação da estação mudou todo o desenho urbano da área central. Novas vias foram abertas e a região de entorno foi amplamente valorizada, principalmente com a construção da Av. Bueno Brandão, paralela à linha férrea. Nas proximidades se instalaram hotéis para servir aos visitantes. A área de entrono era um local nobre, para passeio dos habitantes que iam observar o embarque e desembarque de passageiros.

O volume da estação é bem simples, seguindo o padrão adotado pela The Leopoldina Railway na Zona da Mata. Além da área de atendimento ao público, havia um setor de armazenagem de produtos. A instalação de uma estação no centro possibilitou a chegada de materiais para o comércio local e para a construção de novas casas, vindos diretamente do Rio de Janeiro. Pela estação que também chegavam e saíam os primeiros estudantes que vieram estudar na Escola Superior de Agricultura e Veterinária. Mais tarde a região foi escolhida para a implantação de diversas agências bancárias e o comércio próximo se diversificou.

A Estação é um marco na formação urbana de Viçosa, tendo valor histórico-artístico e cultural, além de ser um ícone na paisagem urbana. O transporte ferroviário foi desativado no início da década de 1990. Em 1996 a administração do imóvel passou para a prefeitura que o transformou em Espaço Cultural.

 Estação Ferroviária Central. Cortesia P. B. Fialho

Estação Ferroviária Central. Cortesia P. B. Fialho

ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE SILVESTRE

Localização: Distrito de Silvestre s/nº

Tombamento: Decreto Nº 3582/2001 – 04/04/2001

O distrito de Silvestre se desenvolveu paralelamente com o distrito sede de Viçosa. Por volta de 1830 era uma área rural, que predominava a agricultura. No final do século XIX instalou-se no lugar uma fábrica de tecidos, que funcionou até a década de 1930, impulsionando o crescimento da localidade.

Em 1886 a linha férrea chega a Viçosa. Devido a influência de um dos proprietários da fábrica, a linha desviou seu percurso passando por dentro do distrito. Então foi construída a Estação Ferroviária de Silvestre. Localizada próxima a fábrica, auxiliava no recebimento de matéria prima e escoamento da produção, além de atender passageiros da região. De volumetria simples, segue o padrão adotado pela The Leopoldina Railway. Uma curiosidade é que a implantação de estações ferroviárias influenciava a consolidação urbana no seu entorno, porém em Silvestre isso aconteceu diferente, já que as casas se voltavam com os fundos para a linha férrea.

O imóvel tem valor histórico-artístico pela importância para a formação urbana da localidade e influência na história do município, já que o progresso era diretamente vinculada à estrada férrea. Hoje a estação se mistura aos demais imóveis da área, porém ainda é referência urbana para os moradores do distrito.

bens_tombados_9

Estação Ferroviária de Silvestre. Cortesia P. B. Fialho

FACHADA DA CASA SEDE DO PRIMEIRO HOSPITAL DE VIÇOSA

Localização: Praça Emílio Jardim 03, Centro

Tombamento: Decreto Nº 3818/2004 – 19/04/2004

Entre os sesmeeiros que deram origem à Viçosa encontra-se o padre Manoel Inácio de Castro. Dentre as terras pertencentes a ele estão aquelas onde futuramente viria a se instalar a sede da fazenda, herdada por sua sobrinha Maria das Dores e seu esposo, Capitão José Maria Santana. Sabe-se que o casarão foi erguido entre 1850 e 1860, após a morte do Padre. Anos mais tarde uma nova sede para a fazenda foi construída onde hoje se localiza o Hospital São Sebastião, na proximidade, e o casarão passou a abrigar colonos e funcionários.

No início do século XX passou a funcionar ali o primeiro hospital da cidade. Ali se prestava todo tipo de atendimento, até que em 1908 se funda a Associação Casa de Caridade de Viçosa, que viria a ser o atual Hospital São Sebastião. Após construção de nova sede para o hospital, por volta de 1940, o casarão passou a servir de alojamento para os estudantes do então Colégio de Viçosa. Na década de 1950 o imóvel passou para a família Maciel. Nas últimas décadas o imóvel abrigou consultório dentário e república de estudantes. Nos anos 2000 foi erguido um edifício no terreno posterior, ocupando inclusive área antes ocupada pela própria edificação.

A fachada antiga edificação foi tombada como remanescente histórico do que foi o primeiro hospital da cidade. Parte da mesma foi descaracterizada para atender ao novo imóvel erguido no local. Ainda preserva as esquadrias e parte do acabamento em madeira original da época da construção do mesmo.

 Fachada do primeiro hospital da cidade. Cortesia P. B. Fialho

Fachada do primeiro hospital da cidade. Cortesia P. B. Fialho

CAPELA DOS PASSOS

Localização: Praça Senhor dos Passos s/nº, Centro

Tombamento: Decreto Nº 3090/2004 – 20/12/2004

O surgimento da primeira ermida, que deu origem à Capela do Senhor dos Passos se confunde com o próprio surgimento do povoado que deu origem à Viçosa. Em 8 de março de 1800 o bispo de Mariana Dom Cipriano de São José deu autorização ao Padre Francisco José da Silva para erguer uma capela em honra a Santa Rita, em terras doadas por Capitão Manoel Cardoso Machado e Dona Ana Joaquina de Fraga, que passaram a constituir o patrimônio da capela de Santa Rita do Turvo (antigo nome do povoado). Como procurador de Santa Rita foi nomeado o Alferes Vicente Rodrigues Valente, consumado em 20 de maio de 1807. O acesso pela estrada que vinha de Ponte Nova possibilitou rápido desenvolvimento da área junto à capela, sendo que em 1813 o núcleo urbano se expande criando nova centralidade, próxima à antiga Matriz (atual Praça Silviano Brandão).

Em 1913 foi erguida uma nova capela em honra à Santa Rita, que viria dar origem à antiga Matriz da cidade (demolida na década de 1950). Em 1932 é criada a Paróquia de Santa Rita. Aponta-se que após isso a capela recebeu a imagem de Nosso Senhor dos Passos (peça de roca datada do século XIX) e foi dedicada em honra ao mesmo. Desde então a capela foi reformada diversas vezes, não havendo muitos detalhes sobre essas obras. A última grande obra ocorreu no segundo quarto do século XX, em que foi erguida a edificação que hoje se encontra no local.

A edificação foi tombada devido ao valor histórico agregado, por ser marco da fundação da cidade de Viçosa, e pelo seu valor histórico-cultural para a comunidade.

Igreja de Nosso Senhor dos Passos. Cortesia P. B. Fialho

Igreja de Nosso Senhor dos Passos. Cortesia P. B. Fialho

LIVRO DE ATAS DA CÂMARA DE VEREADORES DE VIÇOSA: 1903-1909

Localização: Câmara Municipal de Viçosa – Pç. Silviano Brandão 05, Centro

Tombamento: Decreto Nº 3433/99 – 30/04/1999

Este livro de atas é um dos poucos bens móveis tombados no município. O mesmo faz parte do acervo documental da Câmara Municipal e traz parte importante da memória institucional, já que compreendo o período em que o Dr. Arthur Bernardes, político nato de Viçosa, exerceu seu mandato na casa, chegando a presidi-la.

Redigido em português clássico, e manuscrito com tinta à base de óxido de ferro, tem suas folhas já com pH alterado. Está bem conservado e sob custódia do Arquivo Público da Câmara Municipal de Viçosa. Possui o registro das reuniões da Câmara, que na época contava com doze vereadores.

O bem foi tombado pelo seu valor histórico-documental para a cidade, por possuir referências políticas sobre o início do século XX e registro sobre um dos filhos mais ilustres da cidade.

 Livros de Atas da Câmara Municipal, 1903 a 1909. Cortesia P. B. Fialho

Livros de Atas da Câmara Municipal, 1903 a 1909. Cortesia P. B. Fialho

HOSPITAL SÃO SEBASTIÃO

Localização: Rua Tenente Kummel 36, Centro

Tombamento: Decreto Nº 4222/2008 – 21/06/2008

A Associação Casa de Caridade de Viçosa foi constituída e fundada por cidadãos viçosenses em 1908. O primeiro provedor da instituição foi Padre Belchior da Costa e o segundo provedor, eleito em 1911 o Coronel Francisco José Alves Torres. A primeira sede do hospital foi na casa nº 03 da Av. Bueno Brandão, cuja fachada também é tombada pelo município. Em 1927 a prefeitura doou o terreno para a construção de nova sede, que foi inaugurada em 1930. Até 1959 o atendimento era realizado apenas no pavimento térreo, pois o segundo pavimento seria concluído neste ano. O hospital possuía poucos leitos e muitos pacientes eram atendidos no chão e havia apenas uma sala para partos. Após a inauguração do segundo pavimento, a estrutura ampliou e melhorou o atendimento. Em 1950 foi feito o primeiro acréscimo À edificação: Maternidade Alice Loureiro. Em 1980 foi inaugurada uma ala anexa destinada a apartamentos para internação. Em 1983 foi construído um centro cirúrgico Obstétrico e em 1984 um laboratório de análises clínicas. Apesar dos acréscimos a volumetria original foi preservada, mantendo íntegra três fachadas.

A volumetria da ala mais antiga foi tombada por valores históricos, artísticos e culturais À sociedade viçosense. Abriga ainda hoje o Hospital São Sebastião.

VESPA DO PROF. JOSÉ LOPES DIAS DE CARVALHO

Localização: Desconhecida

Tombamento:

O Prof. José Lopes Dias de Carvalho nasceu em 30 de março de 1925, em Viçosa MG. Cursou todo, equivalente, primeiro e segundo graus no Seminário Menor de Mariana, onde adquiriu seu conhecimento e referências teológicas. Em sua vida adulta lecionou por mais de 30 anos, em sua maioria dedicada ao Colégio de Viçosa.

A origem do Colégio remete ao Gymnásio de Viçosa fundado em 1913. A instituição ganhou grande prestígio na região, sendo referência de ensino e recebendo alunos de diversos estados da federação. Em 1943 o Gymnásio adquiriu o Ginásio do Professo Alberto Álvaro Pacheco e constituiu a Sociedade Civil Colégio de Viçosa, onde atuou o Prof. José Lopes Dias de Carvalho. No Colégio lecionou Português, Latim, Religião, História, Filosofia, Moral e Cívica. Amante das artes estimulava o Grêmio Artístico e Literário. Pessoa singular e estimada na sociedade foi assessor de diversos dirigentes educacionais e da reitoria da universidade Federal de Viçosa.

A Vespa era um ícone do Prof. Lopes, refletindo sua personalidade e autenticidade. Comprada nova, envelheceu junto com o dono. Lendas locais criavam histórias entre a parceria entre o dono e o veículo. Assim, como o homem foi personagem da história social local, sua vespa se tornou parte integrante da mesma. O Prof. José Lopes faleceu em 21 de agosto de 1981.

A Vespa é um dos poucos bens móveis tombados no município. Seu valor caracteriza-se pela expressão cultural e histórica social, referente ao personagem que fora o Prof. José Lopes Dias de Carvalho.

CASA DE ARTHUR BERNARDES

Localização: Praça Silviano Brandão 69, Centro

Tombamento: Decreto estadual Nº 29399 – 21/04/89 e decreto municipal Nº 3437/99 – 30/04/1999.

Arthur da Silva Bernardes, nasceu em Viçosa em 8 de agosto de 1875. Estudou no Colégio do Caraça e se formou em Direito em São Paulo. Casou-se com Clélia Vaz de Mello, e se tornou herdeiro político do sogro, Carlos Vaz de Mello. Em 1906 elegeu-se vereador e foi presidente da Câmara. Em 1907 se tornou deputado estadual e em 1909 deputado federal. Foi presidente do Estado de Minas Gerais entre 1918 e 1922 e se elegeu presidente em 1922, cargo que ocupou até 1926. Em seguida foi eleito senador. Opôs-se ao governo de Getúlio Vargas, foi perseguido, preso e exilado na Europa por dois anos. Em 1934 retorna e se elege deputado novamente. Em 1937 foi afastado com o Golpe de Estado. Em 1946 funda o Novo Partido Republicano e se elege para a nova constituinte. Faleceu no Rio de Janeiro em 23 de março de 1955.

Com sua carreira política em ascensão, fixou residência no Rio de Janeiro, porém freqüentava muito sua cidade natal. Na década de 1910 adquiriu um casarão na Praça Silviano Brandão, que foi demolido, para na década seguinte dar lugar ao novo sobrado. As obras iniciaram em 1922 e foram concluídas em 1926. Em estilo eclético, utilizou materiais nobres de acabamento importados. O responsável pela construção foi o engenheiro João Carlos Bello Lisboa, ex-diretor da ESAV. A Casa de Arthur Bernardes mantém ainda hoje praticamente todas as suas características originais. Apenas duas reformas ocorreram desde a morte do ex-presidente: em 1971, por ocasião do centenário da cidade, a antiga pintura foi substituída e os papéis de parede que revestiam suas salas foram retirados; em 2004, o teto e o pisos foram reformados, mas sem alterar significativamente os que existiam.

Em 1988 o imóvel foi tombado pelo IEPHA, devido a importância histórico-política de seu morador para o estado. Em 1999 o imóvel também foi tombado pelo município pelo valor histórico-artístico e cultural para a população viçosense, sendo o mesmo de grande valorização na paisagem urbana e ter um grande valor afetivo para o povo.

*disponível em < http://www.vicosa.mg.gov.br >

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *